🌳Entenda o que é ESG e a importância dele nas empresas

31 de julho de 2020

Você conhece o termo ESG? Esse conceito não é algo novo, mas somente a partir 2003 suas ideias começaram a ser difundidas entre as empresas. Em inglês, a sigla significa Environmental, Social & Governance. Na tradução literal, fica Ambiental, Social e Governança. Essas três métricas são utilizadas por gestores de recursos financeiros para tomadas de decisões de investimento. O ESG sintetiza critérios de conduta das organizações em áreas que cada vez mais investidores estão levando em consideração: ambiental, social e de governança. Se antes esse tema ficava restrito a uma pequena parte de pessoas socialmente interessadas, hoje, empresas de grande capital estão considerando esses fatores antes de fazer investimentos. Entenda melhor sobre o assunto e veja alguns exemplos práticos. Qual o propósito do ESG? Nos anos 2000, as grandes instituições começaram a perceber que não bastava procurar incessantemente pelo lucro, se, em contrapartida, houvesse prejuízos, como acidentes ambientais e o aquecimento global. Assim, em 2003, as maiores gestoras de fundos de pensões do mundo, Aberdeen e Fidelity, se reuniram e assinaram um protocolo com vários princípios. O “Principles for Responsible Investment” ou “Princípios de Investimento Responsável” é um acordo em que essas empresas se comprometem, voluntariamente, a criar uma associação com a contribuição da ONU para criar métricas de análise de ESG. Nesse caso, cada empresa se compromete a tentar implementar as métricas ambientais, sociais e de governança nos seus investimentos. Essas ações têm se mostrado eficientes, principalmente, desde a crise de 2008/2009, quando ao fazer esse tipo de análise, os gestores de ativos conseguiram evitar grandes riscos de perdas para suas carteiras. Ao longo do tempo, se estabelece uma boa relação risco-retorno, que é o objetivo de todo gestor: maximizar o retorno e minimizar os riscos. Quais são as métricas do ESG? Para você entender melhor, confira o que significa cada sigla na prática.

  • Environmental O E de Environmental (questão ambiental) é a análise da empresa a fim de mitigar seus impactos no meio ambiente. Por que isso é tão importante? Ao analisar os riscos ambientais de uma empresa, os gestores conseguem evitar ou diminuir multas e acidentes ambientais que levam a um custo enorme. Imagine uma petroleira: ela deve ter seguro para casos de derramamento de petróleo; uma mineradora, deve pensar em ações sustentáveis depois de abrir buracos no meio da floresta. Um exemplo bastante conhecido é o da British Petroleum, a BP, que aconteceu em 2010 e causou um dos maiores derramamentos de petróleo na história, quando uma tubulação estourou no fundo do Golfo do México. Além dos sérios danos para a população da região, até hoje há impactos ambientais gravíssimos na fauna e flora local. Como você deve imaginar, a empresa pagou bilhões de dólares de multas. Nesse cenário, um investidor da British Petroleum teve, indiretamente, um enorme custo, pois a organização não se preocupou em analisar e diminuir os riscos ambientais de maneira correta. Outro ponto da questão ambiental é o inventário das empresas referente às emissões de CO2 ou CO2 equivalente, que são os gases do efeito estufa. Ao calcular esse inventário, os investidores conseguem monitorar se os números estão aumentando ou diminuindo. Isso é necessário, pois todo o mundo já está se regulando. Atualmente, 70% do PIB global já é regulado, ou seja, é questão de tempo que países, como o Brasil, que ainda não possuem regulamentação, entrem nessas regras.

  • Social O S traz o ponto de vista social. Um grande exemplo disso são as marcas de fast fashion ou de calçados. Ao longo dos anos, várias notícias surgiram sobre marcas famosas que tinham atividades no sudeste asiático não-reguladas. Essas empresas terceirizavam a mão de obra de moradores locais, com trabalho análogo à escravidão, chegando a pagar um dólar por 18 horas de serviço. Além de ser um custo social enorme à região, atrasando o desenvolvimento e fomentando a pobreza, há também um custo de reputação, pois as pessoas não querem apoiar marcas que exploram pessoas. Então, do ponto de vista de investimentos, há um dano financeiro pelo dano à imagem da marca, bem como as multas locais. Então, o analista ESG deve analisar os riscos ambientais, os riscos sociais e, por fim, a governança. Nesse último caso, o Brasil não se destaca positivamente.

  • Governance O G aborda o risco de governança. Esses riscos têm relação com o tratamento do investidor minoritário. Ele envolve aspectos que dizem respeito a todos os stakeholders ou participantes da empresa. Nesse caso, entram as questões dos direitos dos controladores em relação aos direitos dos acionistas ou investidores, credores minoritários. Se o controlador está se beneficiando às custas dos seus sócios minoritários, isso é errado e não deveria existir isso. Por exemplo: duas empresas brasileiras, uma de siderurgia e outra de papel e celulose, no passado, cobravam royalties pelo uso do seu nome. Isso é um absurdo completo. Você não pode forçar os seus sócios minoritários a pagarem pelo uso do nome da empresa. Além disso, há casos de organizações que colocam o custo do jatinho particular, do haras e outras despesas pessoais dentro dos custos da empresa, sem abrir essas informações para os investidores. Não faz o menor sentido que sócios minoritários paguem por gastos do controlador. Assim, é trabalho do analista verificar a governança desta empresa.

Qual a importância da ESG nas empresas? Podemos dizer que o ESG trata de diversos fatores, cada um deles tendo mais afinidade com uma dessas definições. Atualmente, fica claro perceber que na composição de gerência das empresas brasileiras a maioria são homens, brancos e com idade acima de 60 anos. O ESG também deve promover os direitos e a igualdade. É necessário que exista uma equilíbrio de gêneros, orientações sexuais e raças entre os partícipes, stakeholders, colaboradores e clientes dentro de uma empresa. Quando o ESG não é feito, há perdas enormes. Podemos citar dois exemplos, o da Sadia e Aracruz. Como na época não houve transparência em seus contratos, ou seja, os investidores não puderam conhecer as informações para tomar suas decisões, as empresas baixavam o seu custo financeiro ao tomar posições em derivativos de câmbio que assumiam que o dólar sempre depreciaria em relação ao Real. Em 2008, o dólar foi de R$ 1,70 para R$ 2,60 e essas empresas tiveram perdas enormes. Para tentar reverter, foi preciso fazer fusões. Se os investidores ESG tivessem analisado os balanços, poderiam fazer a análise de gestão e do perfil de risco e evitar a quebra das empresas. Outro exemplo da importância da análise ESG é o caso da empresa Vale. Depois do desastre de Mariana, muitos investidores evitam o setor de mineração por acreditarem que a empresa não tenha feito o suficiente para mitigar os riscos. Portanto, a análise ESG não avalia apenas o lucro, mas também os riscos que essa empresa corre. O que o ESG tem a ver com o crédito de carbono e com a Moss? Todos esses pilares são igualmente importantes, porém, podemos dizer que o pilar ambiental é o menos difundido. Isso ocorre porque ele é mais difícil de ser mensurado e ainda não há essa discussão e conscientização no Brasil. As pessoas ainda não entenderam ou não sabem da importância de compensar crédito de carbono, da necessidade de as organizações diminuírem número de emissões e, consequentemente, não cobram isso das empresas. Portanto, a questão da emissão de CO2 e o aquecimento global é uma das agendas ambientais mais importantes, pois é preciso criar ações efetivas neste momento para combater as mudanças climáticas. A Moss tem o papel fundamental de fomentar o ESG e dar apoio aos investidores em suas métricas e análises. Nós auxiliamos não só o cálculo de empresas menores e pessoas físicas que estão calculando sua pegada de carbono. Também estamos democratizando e diminuindo ao máximo o custo de transação para compra e compensação de crédito de carbono. Quando as organizações percebem que é fácil e estratégico montar e analisar suas ações baseadas nos pilares da ESG, elas começam a se preocupar também com a compensação. No futuro, certamente, esse custo vai ser muito mais alto do que é hoje. A Moss tem essa solução, principalmente, para desenvolver o pilar ambiental de maneira robusta e acessível, já que na América Latina e no Brasil isso ainda não é bem desenvolvido. Portanto, podemos concluir que o trabalho da Moss é promover a mitigação do impacto ambiental via desenvolvimento ou fomento de uma plataforma de negociação de créditos de carbono. Assim, torna-se possível reduzir os custos de transação e trazer a pauta de compensação de emissão de carbono para a rotina dos brasileiros e, especialmente, das empresas. Gostou do conteúdo? O que você acha do ESG?

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