🌳Qual é o potencial do mercado brasileiro de carbono?

9 de novembro de 2021 - Gestoras globais estimam algo em torno de 1,5 bilhão de créditos de carbono ao ano

Imagine um cenário em que todas as áreas atualmente litorâneas, como Rio de Janeiro e Nova Iorque, estejam debaixo d'água. Neste mesmo cenário, a zona tropical do mundo, que inclui o Brasil, África e Sudeste Asiático, seria inabitável com temperaturas que atingem os 65ºC à sombra. E para fechar esse enredo, pra lá de catastrófico, a produção de alimentos do mundo teria uma queda de 50% ou mais, matando de fome a metade mais pobre da população global - aproximadamente, 5 bilhões de pessoas. Parece um roteiro de filme apocalíptico mas, infelizmente, este é o prognóstico para a humanidade considerando as intensas mudanças climáticas pelas quais estamos passando ao longo das últimas décadas. Desde que surgimos no planeta, nunca o risco de sermos extintos (e tão pouco tempo tempo) foi tão alto. O mundo emite aproximadamente 55 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa por ano. Pode parecer difícil de mentalizar e visualizar esse número, então, para ficar mais próximo da realidade, podemos dizer que uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ocupa um balão do tamanho de uma casa. Assim, temos uma emissão equivalente a 55 bilhões de balões do tamanho de uma casa, ao ano. Desse total, somente 12 bilhões de balões são mitigados, sendo 99% deles (11,9 bilhões de toneladas de carbono) por meio da compra de créditos de carbono em mercados regulados. Ainda há 100 milhões de toneladas para o mercado voluntário. Estamos emitindo mais que o dobro de gases de efeito estufa que em 2008. Se continuarmos neste ritmo, cientistas afirmam que a média da temperatura global deve aumentar de 2,5 a 3 graus até 2070. As maiores mentes do mundo já se ligaram neste desafio há algum tempo e grandes empresários como Bill Gates, Richard Branson e Elon Musk têm deixado outras atividades filantrópicas para focar em financiar pesquisas que buscam soluções para as mudanças climáticas. Tais lideranças fazem parte de uma escola de pensamento “futurista” ou “tecnologista”, que acredita que conseguiremos reduzir nossas emissões a zero através de mudanças tecnológicas, como trocar carros com motor a combustão de combustíveis fósseis por carros elétricos, e gerar energia renovável ao invés de usarmos térmicas a carvão ou diesel. Eles também acreditam na geração de máquinas de captura de carbono (“Carbon capture machines” ou CCMs, em inglês), que absorvem gases de efeito estufa do ar ou de processos industriais, os solidificam e estocam a quilômetros de profundidade. Para as soluções de mudança de tecnologia descritas acima, algumas poucas já estão além da fase de “scale up”, como a Tesla e sua criação de parques de geração de energia renovável, que já está atingindo custos marginais próximos ou pouco abaixo da economia baseada em combustíveis fósseis. Outras soluções, como as máquinas de captura de carbono, ainda são caríssimas pela baixa escala: têm custo marginal de mil dólares por tonelada de carbono, comparado com cinco a dez dólares por tonelada de créditos de carbono de conservação. Porém, não devemos perder as esperanças da rapidez da escalabilidade dessa solução - a energia solar, por exemplo, era dez vezes mais cara que a energia térmica há dez anos e agora é bem mais barata, tendo caído de forma exponencial à medida em que esta indústria foi ganhando escala e investimentos massivos. Há uma segunda escola de pensamento, da qual a Moss faz parte, que acredita que as emissões cairão por meio de mudanças tecnológicas, mas infelizmente não na velocidade que precisamos. Neste caso, temos que complementar o mercado e agregar agilidade por meio do crédito de carbono, que é um certificado digital que comprova que uma empresa ou projeto ambiental sequestrou ou evitou a emissão de uma tonelada de carbono. Como as emissões de carbono são uma externalidade negativa da economia baseada em combustíveis fósseis (um "feito colateral” não previsto), elas não são precificadas a não ser através de créditos de carbono. Uma petroleira emite milhões de toneladas de carbono ao ano, mas, a não ser que a empresa esteja no mercado de carbono, ela não paga por essa poluição. O custo da pior qualidade do ar e das mudanças climáticas é diluído entre os 8 bilhões de pessoas na Terra. O mercado de carbono expandiu bastante nos últimos 3 anos à medida que mudanças climáticas têm ficado cada vez mais óbvias para o mundo - no Brasil são emitidos aproximadamente cinco milhões de créditos de carbono no mercado voluntário por ano, com potencial enorme para expansão -. Além disso, essa expansão pode ser explicada pela substituição da geração dos Baby Boomers pelos Millennials (pessoas nascidas depois de 1980), que passaram a exigir das empresas nas quais investem e dos produtos que consomem, que compensem suas emissões de carbono. Aqui entra o benefício extremamente importante e a disrupção do uso de tecnologia para acelerar o desenvolvimento do mercado de carbono. Os processos de certificação, auditoria e monitoramento de áreas e projetos de carbono ainda são quase que inteiramente feitos à mão por empresas de consultoria ambiental. Os processos do setor mudaram pouquíssimo desde a criação do mercado de carbono nos anos 1990. Pela falta de avanço tecnológico, o setor se tornou um gargalo para expansão da certificação de carbono globalmente e tem levado a aumentos expressivos do preço dos créditos. Acredito que o mercado de carbono seja um dos últimos a sofrerem disrupção tecnológica. E não é uma indústria pequena: ela representou US $1,2 bilhão em 2021, e uma pesquisa recente da McKinsey espera que ela se multiplique por 15 a 100 vezes até 2030. O setor de serviços ambientais, como consultorias, auditorias e ecoturismo, representa bilhões de dólares anuais. Esperamos que seu crescimento exponencial se dê somente quando serviços hoje feitos manualmente sejam automatizados, e passemos a usar blockchain e web 3.0 como elementos fundamentais para maior segurança e auditoria mais eficiente da geração e uso de dados. Neste setor, empresas tech como a Moss já estão trazendo maior eficiência através da digitalização de processos historicamente checados manualmente, como usar imagens satélites e algoritmos de análise de densidade de vegetação em vez de inventários florestais, que ainda são levantados por engenheiros florestais em campo que medem troncos com fita métrica e auferem a densidade por amostragem. Se conseguirmos trazer disrupção tecnológica, mais eficiência ao setor ambiental global e fazer com que a solução de compensação das emissões de produtos e serviços não seja feita à mão e sim a partir de APIs e softwares (SaaS), empresas poderão incorporar a compensação facilmente às suas atividades e as chances de conseguirmos evitar o cenário desastroso descrito no início aumentarão drasticamente. A mídia internacional tem dado maior destaque para o tema da sustentabilidade, e parece que falar em ESG e “produtos carbono zero” tornou-se uma “modinha”. Mas é um movimento estrutural que veio para ficar. Tanto pelas razões de sentirmos na pele o castigo climático de nossas irresponsabilidades ambientais do passado, como também pela emergência dos millennials – pessoas de 20 a 40 anos -, que se tornaram o grupo demográfico mais numeroso do mundo. Esse grupo hoje em dia representa 30% da população global, 50% da força de trabalho, e em 5 anos será 70% da força de trabalho do mundo.

Essa parte expressiva do público consumidor faz cobranças para que empresas que fornecem seus produtos e serviços mitiguem seu impacto ambiental ou reduzam suas emissões de gás de efeito estufa. O produto gerado pelo agronegócio brasileiro é global e, cada vez mais, a entrada nos diferentes mercados importadores está atrelada ao cumprimento de requisitos ambientais. As maiores indústrias de alimentos do Brasil e mesmo os pequenos produtores estão atentos a esse movimento e às discussões que se desenrolam desde que o Protocolo de Kyoto e, agora mais recentemente, com o Acordo de Paris.

Em relação a esse último, você já deve ter lido algo sobre o artigo 6. Criou-se uma expectativa enorme que, dado o impacto exponencial das mudanças climáticas em nosso dia a dia e o tema ambiental está “em voga”, haja maior pressão dos países partícipes em chegar a um acordo sobre as regras e funcionamento do notório artigo 6, que possibilita a criação de um mercado global de carbono.

O argumento, válido a meu ver, é que devemos seguir as decisões e consequências desta conferência e torcer pela aceitação de créditos de carbono florestais e de desmatamento evitado. Devemos torcer porque há um potencial gigantesco para o Brasil se e quando os governos globais se alinharem num mercado global de carbono. Como temos 40% das florestas tropicais do mundo, e como (de acordo com a FAO - sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) também temos mais de 50% do carbono do mundo (mais que a soma do 2º ao 11º colocados), poderíamos conservar nossas florestas, gerar milhões de créditos de carbono, e vendê-los a empresas e governos de países desenvolvidos.

A gestora global Schroders estima que a economia brasileira poderia crescer 6% a 7% ao ano se o Brasil atingisse seu potencial de certificação de 1,5 bilhão de créditos de carbono ao ano – vendidos ao preço atual europeu de US$ 100, esse valor seria de US$ 150 bilhões de exportações (e portanto entrada de dólares) a mais para o país.

Fluxos para fundos ESG (que usam métricas socioambientais e de governança para investimentos) aumentaram de US$ 100 milhões, em 2019, para estimados US$ 60 bilhões, em 2021. E gestores de fundos ESG exigem que as empresas calculem e compensem suas emissões através de maior eficiência energética e a compra e aposento de créditos de carbono.

A partir da exigência de consumidores, especialmente os millennials, e também de investidores, as cadeias produtivas vão passar a calcular suas emissões de gás de efeito estufa. O que fazem as empresas após saberem o quanto poluem? Assumem o compromisso de fazer parte da mudança. A compra de créditos de carbono no mercado voluntário, que é global e auto regulado, pode trazer um resultado interessante para o mercado brasileiro de carbono:

Os preços de crédito de carbono triplicaram globalmente no último ano, para uma média de 7,5 dólares.

A Moss oferece a oportunidade para empresas compensarem facilmente, calculando sua pegada no nosso site b2b.moss.earth, e assim se posicionarem para a crescente exigência de ações ambientais de seus clientes. Também oferecemos a investidores a oportunidade de participar neste mercado: (a) através da venda de créditos de carbono nos mercados cripto e (b) através do investimento no projeto de proteção da floresta em si, investindo na certificação do projeto e recebendo dividendos da venda dos créditos de carbono ao longo de 30 anos. Estimamos o potencial retorno do investimento na floresta de 50 a 100% de TIR, e payback de menos de 2 anos. Aos interessados, convidamos a acompanhar nossas mídias sociais para novas captações.

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